Rendimento dos depósitos a prazo e inflação
Os depósitos a prazo são dos produtos de poupança mais populares em Portugal. Para muitas famílias estes são vistos como investimentos seguros dos quais era possível, no passado, obter um rendimento expressivo. Em 2008 e 2011, por exemplo, este produto de poupança prometia taxas de juro perto dos 4%.
Para fazer uma melhor análise histórica das taxas de retorno proporcionadas pelos depósitos a prazo é importante comparar a mesma com a taxa de inflação. Só desta forma se podem tirar conclusões mais sustentadas acerca do potencial de investimento num depósito a prazo.
Ano | Taxa de inflação (%) | Juro médio Dep. A Prazo (%) |
---|---|---|
2006 | 3,1 | 3,25 |
2007 | 2,5 | 4,06 |
2008 | 2,6 | 3,71 |
2009 | -0,8 | 1,71 |
2010 | 1,4 | 2,68 |
2011 | 3,7 | 3,65 |
2012 | 2,8 | 2,4 |
2013 | 0,3 | 1,86 |
2014 | -0,3 | 1,16 |
2015 | 0,5 | 0,55 |
2016 | 0,6 | 0,34 |
2017 | 1,4 | 0,19 |
2018 | 1,0 | 0,15 |
2019 | 0,3 | 0,13 |
Taxa de Inflação e Taxa de Juro média oferecida pelos depósitos a prazo, para cada ano.
Fonte: Pordata e infogram
A taxa de inflação reflete o aumento geral dos preços dos bens e serviços numa determinada economia de mercado. Assim, a taxa de inflação de 3.1% registada em 2006 significa que no geral os preços dos bens e serviços subiram em média 3.1%, pelo que o custo de vida aumentou para as famílias. O mesmo é dizer que, caso o rendimento da família se tenha mantido inalterado nesse ano esta perdeu poder de compra.
Através da análise do quadro exposto anteriormente é possível constatar que no passado era frequente os juros oferecidos pelos depósitos a prazo, cobrirem a taxa de inflação desse ano. Umas vezes com uma margem maior ou menor mas raramente se assistia a uma perda de valor do dinheiro investido.
A partir do ano de 2016 começou a assistir-se a um distanciamento significativo entre a taxa de inflação e o retorno proporcionado pelo investimento em depósitos. A partir daí o rendimento obtido passou a não compensar a taxa de inflação registada, o que se traduz numa perda efetiva de valor.
Depósitos a prazo são um mau investimento?
Respondendo de forma direta, de momento sim, são um mau investimento. Qualquer investimento tem um risco associado, apesar de poder ser mais baixo ou alto. No caso dos depósitos a prazo, podemos afirmar que estes estão no grupo dos produtos de poupança com risco mais baixo ao dispor dos investidores. O fundo de garantia de depósitos criado depois da crise financeira de 2008 acrescenta ainda um patamar de segurança adicional. No entanto, apesar de baixo, o risco existe e por isso o investidor deve ser recompensado adequadamente. A verdade, no entanto, é que neste momento investir num depósito a prazo significa aceitar uma perda de valor do seu dinheiro.
Vejamos um exemplo. Uma pessoa que tivesse investido 10 000€ num depósito a prazo no início de 2019, no final do ano receberia um rendimento bruto de 13€. Para um investimento de 10 000€ é um valor claramente insuficiente, mas o problema não fica por aqui. A questão é que a taxa de inflação desse ano retirou 0,3% de valor ao seu dinheiro, ou seja 30€. Assim, contas feitas, o seu dinheiro perdeu valor pois o rendimento obtido não deu para compensar a inflação desse ano.
Com este exemplo, podemos perceber como efetivamente o investimento num depósito a prazo neste momento se traduz numa perda de dinheiro para as famílias.
Investimentos alternativos
Um investimento frequentemente comparável a depósitos a prazo, que se enquadra nos produtos de poupança de baixo risco, são os certificados do tesouro. Com garantia oferecida pelo Estado português, estes produtos conseguem proporcionar taxas de retorno mais elevadas, permitindo, pelo menos, que o seu dinheiro não perca valor ao longo do tempo. A oferta atual, propõe um investimento a 7 anos com taxas de juro crescentes, no qual no primeiro ano oferece logo um rendimento de 0.75% (significativamente superior à inflação atual).
Para investimentos com um horizonte temporal mais alargado, existe a opção dos Planos Poupança Reforma. O risco destes é também considerado baixo devido à diversidade de composição da sua carteira e ao facto de se tratar de um investimento de longo prazo. Como referência, nos últimos 8 anos, a subscrição dos PPRs da Optimize renderam por volta de 5% anualmente, o que se traduz numa excelente performance comparada com as taxas de juro dos depósitos a prazo e a inflação anual registada.
Conclusão
Apesar de tradicionalmente bastante populares, atualmente, os depósitos a prazo como produtos de poupança não oferecem um retorno compensador. Desde 2016 que as taxas de juro proporcionadas se situam significativamente abaixo da inflação o que faz com que um investimento neste produto de poupança se traduza numa perda de valor do seu capital. Posto isto, é preferível procurar alternativas de investimento que possam proporcionar rendimentos que compensem, pelo menos, a taxa de inflação anual registada em Portugal. Exemplo disso são os certificados do tesouro e os Planos Poupança Reforma para investimentos de longo prazo.