Investimentos em tempo de pandemia
A recente pandemia causada pelo novo coronavírus colocou em sobressalto todo o Mundo. Os mercados financeiros foram afetados de diversas formas registando-se desvalorizações generalizadas, bem como um aumento da volatilidade. Apesar de alguns índices de referência mundiais já se encontrarem perto dos níveis pré-crise (como o S&P 500) a verdade é que o clima de incerteza e medo ainda impera nos mercados.
Quem defende um cenário mais otimista considera que o pior já terá passado e que estamos a caminhar progressivamente para a recuperação, dado que os níveis de consumo e produção industrial têm condições para voltar ao patamar do passado. Nesse sentido, defendem que existem motivos para acreditar que as desvalorizações massivas nalguns ativos financeiros são já parte da história.
Por outro lado, quem acredita num cenário mais pessimista considera que os reais efeitos económicos desta pandemia ainda estão para ser conhecidos, uma vez que uma segunda vaga pode ser uma realidade e com ela o acentuar da quebra de faturação de grande parte dos setores de atividade. O desemprego poderá atingir níveis elevados e, portanto, não haverá condições, no curto prazo, para existir uma recuperação.
Principalmente para o pequeno investidor particular é difícil prever qual vai ser a evolução dos mercados financeiros nos próximos tempos. Por isso mesmo torna-se importante procurar alternativas de investimento mais seguras, através das quais possa investir as suas poupanças e gerar rendimento para o futuro.
Constituir um Plano Poupança Reforma
O Plano Poupança Reforma (PPR) é um veículo de investimento frequentemente esquecido. Muitas pessoas têm a ideia de que este se destina apenas a pessoas numa fase mais avançada da sua vida ativa (a poucos anos da reforma). A verdade é que esse pensamento não podia estar mais errado. Os benefícios que se podem extrair do investimento num PPR são tanto maiores quanto mais cedo este tiver sido constituído. Só dessa forma consegue retirar os benefícios fiscais máximos (que são mais elevados quando se é mais jovem) e usufruir de um rendimento significativamente superior ao dos produtos de poupança tradicionais.
Uma das grandes vantagens do investimento num PPR é o seu caráter de investimento de longo prazo. Este permite que variações temporárias causadas por crises passageiras percam importância e tenham pouca relevância ao olhar para o seu rendimento ao fim de 20 ou 30 anos.
A juntar a valorizações interessantes, o PPR tem a vantagem de conceder benefícios fiscais que mais nenhum produto de investimento permite. Estes benefícios registam-se tanto no momento da subscrição do PPR como no resgate. No primeiro permite amealhar um montante até 400€ no ano em que efetuou a subscrição do PPR enquanto o segundo permite que tenha acesso a um imposto sobre o rendimento mais baixo comparado com outros veículos de investimento.
Outras opções de baixo risco
Apesar de historicamente serem produtos de poupança bastante populares, os depósitos a prazo encontram-se atualmente a oferecer taxas de rendimento extraordinariamente baixas. Assim, apesar de serem opções de baixo risco, na medida que gozam da proteção do Fundo de Garantia dos Depósitos, estes tornam-se desinteressantes para uma parte dos investidores.
Os certificados do tesouro comercializados pelos CTT são uma opção alternativa que proporciona um retorno acima dos depósitos a prazo. De notar, no entanto, que não se trata de produtos iguais e que o risco, apesar de poder ser considerado baixo, é diferente. Atualmente este produto a 7 anos promete uma taxa de juro anual média de 1,38%.
A aquisição de obrigações de empresas financeiramente saudáveis e estáveis constitui outro exemplo de investimento que pode proporcionar um retorno acima da taxa de juro dos depósitos a prazo. De referir, no entanto, que o risco destas depende diretamente da empresa à qual estão associadas, ou seja, uma grande empresa com finanças equilibradas poderá ser considerada um investimento de risco relativamente baixo. Além da estabilidade da empresa, deve também avaliar os custos envolvidos na operação, nomeadamente a nível de comissões bancárias que podem reduzir significativamente o rendimento da obrigação.
Conclusão
Os tempos de turbulência que se vivem nos mercados financeiros levam muitos investidores a procurar um porto seguro para as suas poupanças. A constituição de um PPR é uma das melhores formas de enfrentar os tempos que se avizinham no que diz respeito a proteger as suas poupanças. O seu caráter de investimento de longo prazo, permite-lhe oferecer taxas de retorno interessantes, nas quais os períodos de crise assumem pouca relevância.
Alternativamente, os depósitos a prazo são sempre uma opção válida apesar das taxas de juro bastante baixas que atualmente proporcionam. No entanto estes gozam do fundo de garantia de depósitos o que lhes confere uma segurança considerável (pelo menos até 100 000€).
A subscrição de certificados do tesouro é também uma alternativa, considerada de baixo risco, para poder obter um rendimento acima dos depósitos. Através destes poderá beneficiar de um retorno estável e previsível nos próximos anos.
Por fim, neste artigo falámos ainda de obrigações pertencentes a empresas estáveis como alternativa de investimento de baixo risco. No entanto é importante recordar, que o risco de uma obrigação depende diretamente da empresa a que está associada, ou seja, para que o seu investimento seja considerado de baixo risco, necessita de procurar uma empresa financeiramente estável e com potencial de continuar a prosperar no futuro.